Corremos tanto da Mabi que nem me
lembrava mais o porquê dela querer tanto pegar de volta a carta que ela havia
me dado de aniversário, afinal não tinha nada demais nela, somente um sonho
muito doido em que ela havia detalhado sobre um colega de classe da turma de
fotografia, cujo colega ela estava de olho desde o primeiro dia, fora isso,
nada demais!
Só sei que entramos em uma
espécie de condomínio onde havia umas cinco casas e estava acontecendo uma
festa de vizinhança, pelo menos parecia...
Eu corria na frente, Duda me seguindo – ela estava no meu time rá rá – e Mabi; Mabi só pensava em pegar de volta o pedaço de papel
(o que estava escrito nele, eu conto em uma outra oportunidade)... Criancice de
nossa parte, eu sei, mas confesso que nunca me diverti tanto.
Enquanto corria passava por
aquele bando de gente desconhecida, conversando alto, se empurrando para pegar
comida – havia uma mesa no meio das casas com diversos pratos de comida entre
doces e salgados, naquele estilo que você sabe só de olhar que cada pessoa
colaborou com alguma coisa – e de repente me deparo com um portão, e muita
gente tentando sair por ele e por algum motivo alguém estava barrando a saída –
mais tarde naquele dia descobri que havia uma celebridade naquela rua e por
isso o alvoroço e a barração.
Por sorte (ou destino), quando
consegui passar por todas aquelas pessoas percebi que a pessoa que estava bem
na frente do portão era o Robbie – ai, Robbie, ele era meu amigo de infância
desde os cinco anos de idade, meu vizinho da casa ao lado, mais velho que eu
exatamente um mês, eu fazia aniversário dia 28 de maio e ele dia 28 de abril,
ambos com 25 anos, tínhamos tanta afinidade, gostávamos das mesmas coisas,
tanto que fazíamos faculdade de cinema juntos, ele tinha acabado de gravar um
longa, com data de estreia para aquele mês... Acho que por ele ter 1,80 cm de
altura, olhos tremendamente azuis que se destacavam diante de seus cabelos
pretos, um sorriso com as covinhas mais perfeitas e um abdômen de dar inveja a
qualquer um, o ajudaram muito a conseguir o papel de “gato do pedaço” e ser o
principal do filme, além de seu talento, Robbie nasceu para atuar, sempre disse
isso a ele, enquanto eu me interessava mais em operar câmeras e me inteirar de
detalhes que ninguém mais perceberia para não haver erros na hora de assistir
ao filme, odiava perceber que o cabelo do mocinho estava maior dois minutos
depois na cena seguinte, ou que o microfone havia aparecido, ou então que havia
chovido, todo mundo tinha se molhado, mas dois segundos depois todos estavam
secos, ou pior, metade dos personagens estavam, eu realmente percebia e
apreciava os detalhes!
Foi então que percebi que já
estava diante de Robbie e ele estava abrindo o portão para que eu e Duda
pudéssemos passar, apesar da multidão empurrando!
Já lá fora encontramos Nina – ela
não quis se aventurar na corrida – e foi me lembrando de que a noite eu deveria
ir a Apucarana para filmar uma peça de teatro em que ela era responsável e eu
havia me comprometido a ajudá-la neste quesito. Nina era uma das minhas melhores
amigas, além de Duda e Mabi, quando não estava com Robbie estava com elas, mas
por algum motivo, bobo com certeza, nunca estávamos os cinco juntos.
Enquanto Nina tentava me alertar
do compromisso, eu estava toda empolgada contando com riqueza de detalhes o que
tinha acabado de acontecer e como o senhor Veiga tinha me tirado da "rua sem
saída" – às vezes eu gostava de chamá-lo pelo sobrenome, mais quando era para
irritar mesmo, Rá Rá!
Nisso, Nina torcia o nariz, nunca
entendi o que ela tinha contra o Robbie, de repente o fato de eu sempre ter
tido uma queda por ele e eu sempre ter sido somente “a” amiga para ele, para quem ele contava tudo e confiava em tudo e pior, confidenciava tudo, a irritava um
pouco porque ela sempre quis o meu bem e minha felicidade, acho que ela tomava minhas dores, porém, não tenho
certeza disso.
O que sei é que enquanto falava
Robbie se aproximou sorrindo e me perguntando o que havia acontecido, quando eu
ri mais e mudei de assunto, dando uma cutucada básica com meu cotovelo em seu abdômen
e dizendo que realmente ele era um ótimo ator, porque havia visto a prévia do
filme e ele parecia muito otário quando na vida real não era!
Ele riu e me abraçou, e perguntou
como eu voltaria para casa dali, quando respondi que com Nina ele imediatamente disse que me levaria sem problemas, e se a Duda quisesse vir junto – sem problemas!
Decidimos então voltar com ele,
afinal ele morava do lado da minha casa, não seria desvio de trajeto nenhum. Porém antes de chegarmos ao carro dele, notei que Robbie tinha um sorriso
diferente naquele dia, sei lá, algo além do sorriso, não sei explicar, só sei
que ele estava exalando felicidade, o que já me fez pensar que deveria ser
alguma garota nova, o que seria normal e eu já estava acostumada com isso, já
tinha me obrigado a acostumar com isso e deixar nossa boa e velha amizade ficar
acima de tudo.
Porém quando ainda olhava Nina
entrando no carro dela e guiava Duda ao carro de Robbie ele voltou – ele havia
entrado no carro um tanto quanto depressa – e Duda disse "pega ali Lea", quando
olhei Robbie trazia na boca o ingresso do seu filme que estrearia na próxima
semana!
Confesso que fiquei meio sem
ação, apesar de sermos amigos há muito tempo, ele estava com aquela cara “cheia
de má intenção” e eu ainda sentia algo forte por ele além de a amizade e gestos
como esse, embora ele sempre fosse brincalhão, meio que me tiravam de órbita,
mas respirei fundo fui lá e peguei o ingresso, com a boca também, oras!!
Rimos muito do acontecido,
enquanto entrávamos no carro, eu no banco da frente e Duda atrás, e Nina em seu
próprio carro ainda tentando me dizer que eu deveria ligar para ela e combinar
sobre o horário em que iríamos para Apucarana, mas Robbie virou o carro de um
jeito em que não foi possível mais vê-la, de propósito claro, ele gargalhou
depois disso.
Olhei para ele reprovando sua
ação mas sem conter o riso e falei que foi muito feio o que ele fez, chamando-o
de Robinson, (o nome é Robson) – eu sempre tive mania de dar apelidos de filmes
americanos para as minhas amigas devido ao meu vício e muitos deles acabaram
pegando, como o do Robbie – e como todos sabem a pessoa fica muito brava quando
a gente a chama por outro nome, ele me corrigiu dizendo que não era esse o nome
e eu só disse, gargalhando, que sabia!
Meu carro estava no conserto
então mencionei meio que perguntando e torcendo para que a resposta fosse afirmativa
se ele não estava pensando em ir até a outra cidade hoje a noite, assim não
teria que arrumar outra forma para ir, mas ele disse que não!
Deixamos Duda na casa dela e logo
estávamos nas nossas, disse tchau e fui começar a me arrumar já pensando no que
resolveria para chegar ao local da peça, já que Nina me ligou dizendo que
precisou ir direto de onde estávamos mais cedo, pois deveria pegar algumas
partes do cenário que estavam faltando.
Quando estava quase pronta ouvi
meu celular vibrar quando olhei era uma mensagem de Robbie dizendo: “Lea, estou
pronto e ga-to Rá Rá, no carro te esperando”!
Terminei de me arrumar, peguei
todo o equipamento das câmeras e fui até o carro, realmente ele estava ga-to!!
Rá Rá
Fomos até o teatro em Apucarana,
filmei a peça, Robbie me ajudou o tempo todo, ao final Nina nos agradeceu e
voltamos para casa.
Como terminou cedo ele perguntou
se eu não queria ver um filme, disse que sim se pudéssemos ver na minha casa,
ele concordou. Fizemos o que sempre fazíamos: filme, pipoca, refri, sofá,
almofadas, a diferença era que naquela noite, ele estava mais feliz do que de
costume.
Foi então que levantei e comecei
a ir em direção a cozinha dizendo a ele que queria saber o motivo dele estar sorrindo a toa, ainda de costas para Robbie, quando senti sua mão puxando a
minha e me vi perto demais dele, mais do que de costume, a um palmo de
distância de seu rosto e ele me disse que o motivo de sua felicidade era...
beijO beijO
PS. Resolvi me aventurar em uma 'história curta' (após um sonho que tive) ao invés de as crônicas que costumo postar, me deem um feedback por favor!! Obrigada!! ;)